Aleitamento materno
Neste artigo, abordaremos os principais tópicos do aleitamento segundo o Caderno de Atenção Básica nº23 – Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. Segundo o documento e a OMS, a recomendação é de aleitamento materno por 2 anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros 6 meses.
Benefício do aleitamento materno
Entre as vantagens, destacamos: diminui o risco de alergias, evita a morte infantil, infecções respiratórias, diarreias, reduz a chance de obesidade, diminui riscos de hipertensão, colesterol alto e diabetes, melhor nutrição, melhor desenvolvimento da cavidade bucal, proteção contra o câncer de mama, entre outros.
Fases da Produção do leite
O leite produzido é armazenado nos alvéolos e ductos e já há uma preparação durante a gestação, com a fase I da lactogênese. Com o nascimento da criança e a expulsão da placenta, há uma queda nos níveis maternos de progestogênio, com consequente liberação de prolactina pela hipófise, iniciando a lactogênese fase II e a secreção do leite. Há também a liberação de ocitocina durante a sucção, que tem a capacidade de contrair as células que envolvem os alvéolos, expulsando o leite.
A produção do leite após o nascimento é controlada por hormônios e a descida do leite que costuma ocorrer até 3º ou 4º dia pós-parto, ocorre mesmo se a criança não sugar o seio. Após a descida do leite, inicia-se a fase III da lactogênese, também denominada galactopoiese.
É importante destacar que o volume de leite produzido varia, dependendo do quanto a criança mama e da sua frequência. Nos primeiros dias, o leite materno é chamado colostro, que contém mais proteínas e menos gorduras do que o leite maduro, ou seja, o leite secretado a partir do 7º ao décimo dia pós-parto. A concentração de gordura no leite aumenta no decorrer de uma mamada.
Técnicas da amamentação
Segundo o Caderno do Ministério da Saúde e a OMS, os pontos-chave do posicionamento adequado na amamentação e da pega adequada incluem:
- Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo;
- Corpo do bebê próximo ao da mãe;
- Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido);
- Bebê bem apoiado.
- Mais aréola visível acima da boca do bebê;
- Boca bem aberta e lábio inferior virado para fora;
- Queixo tocando a mama.
Recomenda-se que a criança seja amamentada sem restrições de horários e de tempo de permanência na mama. É o que se chama de amamentação em livre demanda.
Ordenha do leite materno
As boas práticas para a ordenha, resumidamente, incluem:
- dispor de vasilhame de vidro esterilizado, preferencialmente de boca larga com tampas plásticas que possam ser submetidos à fervura durante 20 minutos.
- prender os cabelos e usar touca ou um lenço limpo na cabeça;
- usar máscara ou lenço na boca, e evitar falar, espirrar ou tossir enquanto estiver ordenhando o leite;
- lavar as mãos e antebraços;
- posicionar o recipiente em que será coletado o leite próximo ao seio;
- massagear delicadamente a mama como um todo com movimentos circulares da base em direção à aréola;
- com os dedos da mão em forma de “C”, colocar o polegar na aréola ACIMA do mamilo e o dedo indicador abaixo do mamilo na transição aréola mama, em oposição ao polegar, sustentando o seio com os outros dedos; realizar o movimento de pressionar e soltar;
- desprezar os primeiros jatos, assim, melhora a qualidade do leite pela redução dos contaminantes microbianos;
- mudar a posição dos dedos ao redor da aréola para esvaziar todas as áreas;
- alternar a mama quando o fluxo de leite diminuir, repetindo a massagem e o ciclo várias vezes.
- O leite ordenhado deve ser oferecido à criança de preferência utilizando-se copo, xícara ou colher.
Restrições
De acordo com o Caderno 23, nas seguintes situações o aleitamento materno não deve ser recomendado: mães infectadas pelo HIV, pelo HTLV1 e HTLV2; uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação e criança portadora de galactosemia. Já nas seguintes situações maternas, recomenda-se a interrupção temporária da amamentação:
- Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele 5 dias antes do parto ou até 2 dias após, recomenda-se o isolamento da mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta.
- Doença de Chagas, na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente;
- Consumo de drogas de abuso
Nas seguintes condições maternas, o aleitamento materno não deve ser contraindicado: tuberculose (recomenda-se que as mães não tratadas ou ainda bacilíferas amamentem com o uso de máscaras e restrinjam o contato próximo com a criança), hepatite B (a vacina e a administração de imunoglobulina específica após o nascimento praticamente eliminam qualquer risco teórico de transmissão da doença via leite materno), entre outras situações descritas no publicação do Ministério da Saúde.
Referências: Ministério da Saúde – Saúde da criança: Aleitamento Materno e Alimentação Complementar 2ª edição do Cadernos de Atenção Básica, nº 23.
Enfermeira, Mestre em Educação e Docente de Enfermagem. Possui especialização em Gestão em Saúde e Controle de Infecção Hospitalar e experiência nos temas: CCIH, Gestão da Qualidade, Epidemiologia, Educação Permanente em Saúde e Segurança do Paciente.