Assistência

Medidas de prevenção de infecção de sítio cirúrgico em artroplastias

Prevenção de Infecção de sítio cirúrgico em artroplastias

As cirurgias ortopédicas que incluem próteses como a artroplastia do quadril e joelho são realizadas para o tratamento de dor crônica, por lesões causadas por artrite reumatoide, necrose e fraturas. Sendo um procedimento invasivo, o paciente poderá desenvolver complicações, com destaque para a ocorrência de infecção de sítico cirúrgico (ISC).

As boas práticas na prevenção de infecção de sítio cirúrgico em cirurgias de artroplastia de quadril e joelho são generalistas, com medidas pré, trans e intraoperatórias já bem definidas na literatura e recomendadas inclusive em Manuais e Protocolos por órgãos como o CDC e a Anvisa.

 

Quais as Medidas de Prevenção Pré operatórias

Fatores intrínsecos e extrínsecos

No que confere aos fatores de risco intrínsecos do paciente, cita-se a deficiência nutricional, a diabete mellitus não controlada, a presença de doenças cardiovasculares e respiratórias e a obesidade. A taxa de infecção em artroplastias de quadril ou joelho pode aumentar em até 4,66% nos pacientes com obesidade mórbida. Outras estratégias incluem a cessação do tabagismo e etilismo e controle de outras infecções remotas ao sítio cirúrgico.A tricotomia não é recomendada.

Em relação ao banho, segundo a Anvisa, ainda não foi demonstrada uma clara associação entre banho pré-operatório com produto antisséptico e redução do risco de ISC.

Assim, não há consenso na indicação de banho com agente antisséptico para todos os procedimentos cirúrgicos, sendo este reservado a situações especiais como antes da realização de cirurgias de grande porte, cirurgias com implantes ou em situações específicas como surtos.

O que é a Descolonização de Staphylococcus Aureus

A colonização pré operatória por Staphylococcus aureus e o desenvolvimento de ISC por este germe foi demonstrada sobretudo após cirurgia ortopédica. Entretanto, há controvérsias a respeito da influência da descolonização nasal tem sobre o risco de infecção.

A prevalência desta bactéria como agente causador de ISC nas cirurgias de artroplastias tem sido explicada pela sua capacidade de formar biofilmes, onde há uma aderência ao material protético e rápida proliferação. Diante deste fato, alguns estudos trazem um protocolo de rastreio deste microrganismo e posterior descolonização (com mupirocina), com destaque para os portadores de cepas de S.aureus resistentes à oxacilina (MRSA).

 

Quais as Medidas intra operatórias

Como fazer o preparo da pele para cirurgia

Em relação ao preparo da pele, segundo dados da Cochrane (2015), uma revisão abrangente de evidências encontrou  que a preparação pré-operatória da pele com clorexidina a 0,5% em álcool metílico está associada a menores taxas de infecção cirúrgica após a cirurgia limpa do que a tintura de iodopovidona à base de álcool.

Antibioticoprofilaxia cirúrgica

No que confere a profilaxia antimicrobiana, a cefazolina é uma escolha comum em procedimentos ortopédicos. Este agente tem excelente atividade in vivo contra bactérias gram positivas comuns e certas bactérias aeróbias gram negativas, com meia vida longa e boa penetração nos tecidos. Alguns estudos citam o uso combinado de profilaxia com antibiótico sistêmico e cimento ósseo impregnado com antibiótico para reduzir a taxa de infecção quando comparado ao uso de antimicrobianos sistêmicos isolados.

Entretanto, há preocupações quando o aumento do custo da profilaxia e o potencial para o desenvolvimento secundário de bactérias resistentes. É importante ressaltar que a gestão de antimicrobianos se faz necessária, e a prescrição dos mesmos de forma adicional, estendendo-se no pós operatório é questionável e não constitui-se de uma opção segura.

Fatores ambientais

É importante ressaltar que outras medidas de prevenção são citadas em vários protocolos de prevenção de infecção como o limite de pessoas circulantes na sala cirúrgica, ventilação da sala, paramentação, tempo cirúrgico, controle metabólico do paciente.

 

Medidas pós operatórias

No pós operatório, o cuidado com os curativos também caracterizam medidas de prevenção de infecção cirúrgica. As feridas devem ser protegidas e fechadas primariamente com curativo estéril durante 24-48 horas após a cirurgia.

 

Referências:

ANVISA. Série: Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde.

NASCIMENTO, D.C. Aspectos epidemiológicos das infecções de sítio cirúrgico em pacientes submetidos a cirurgias ortopédicas com implantes. UFMG – Biblioteca digital.

PINTO, C. Z.et al. Caracterização de artroplastias de quadril e joelho e fatores associados à infecção. Revista Brasileira de Ortopedia.

Publicado por
Rafaella Rebello

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