Saúde da mulher Ministério da Saúde
As políticas de saúde da mulher baseiam-se nos princípios da atenção integral e na promoção da saúde da população feminina. Neste sentido, temos como referências as publicações do Ministério da Saúde:
- Política de Atenção à Saúde da Mulher;
- Caderno de Atenção Básica: Controles dos Cânceres de Colo de Útero e Mama;
- Protocolos da Atenção Básica: Saúde da mulher.
Segundo a Política, a abrangência inclui o atendimento às mulheres em todos os ciclos de vida, resguardadas as especificidades das faixas etárias e dos distintos grupos (negras, indígenas, residentes em áreas urbanas/rurais ou de difícil acesso, em situação de risco, presidiárias, de orientação homossexual, com deficiência, dentre outras).
O Enfermeiro e a Saúde da Mulher
Listamos as principais atribuições mencionadas nos Cadernos de Atenção Básica no que confere à saúde da mulher:
- Atender as usuárias na prática da integralidade;
- Realizar consulta de enfermagem, coleta do exame citopatológico e exame clínico das mamas, de acordo com a faixa etária e quadro clínico;
- Solicitar exames de acordo com os protocolos/ normas técnicas estabelecidos pelo gestor local;
- Examinar e avaliar pacientes com sinais e sintomas relacionados aos cânceres do colo do útero e de mama;
- Avaliar resultados dos exames solicitados e coletados, e, de acordo com os protocolos/diretrizes clínicas, realizar o encaminhamento para os serviços de referência;
- Prescrever tratamento para outras doenças detectadas, como DSTs, na oportunidade do rastreamento, de acordo com os protocolos ou normas técnicas estabelecidos pelo gestor local.
Prevenção do Câncer de Colo do Útero
Segundo os Protocolos, o rastreamento deve ser realizado a partir de 25 anos em todas as mulheres que iniciaram atividade sexual, a cada 3 anos, se os dois primeiros exames anuais forem normais.
Os exames devem seguir até os 64 anos de idade e, naquelas sem história prévia de lesões, devem ser interrompidos quando, após esta idade, as mulheres tiverem pelo menos 2 exames negativos consecutivos nos últimos 5 anos. No Brasil, apesar das recomendações, ainda é prática comum o exame anual.
O câncer do colo do útero inicia-se a partir de uma lesão precursora. Destaque para anormalidades epiteliais conhecidas como neoplasias intraepiteliais cervicais de graus II e III (NIC II/III).
Já a NIC I, por ter maior probabilidade de regressão ou persistência do que de progressão, não é considerada uma lesão precursora do câncer do colo do útero.
Sobre o exame de prevenção do câncer de colo de útero
A coleta é focada na JEC -Junção Escamocolunar, zona de transformação que se localizam mais de 90% das lesões precursoras ou malignas do colo do útero. É importante ressaltar que a infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente para o desenvolvimento deste câncer. Outros tópicos:
- A coleta da amostra deve ser pelo menos 5 dias após o término da menstruação;
- Há recomendações conflitantes quanto à coleta de material endocervical em grávidas;
- No exame especular, pode-se visualizar cisto de Naboth (obstruções dos ductos excretores das glândulas endocervicais, sem significado patológico, não requer intervenções);
- No período de atividade menstrual, fase reprodutiva, a JEC pode estar no nível do orifício externo ou fora deste, caracterizando ectopia (situação fisiológica, não requer intervenções);
- Para garantir boa representação celular do colo, o exame citopatológico deve conter amostra do canal cervical e da ectocérvice;
- Para coleta na ectocérvice usa-se espátula de Ayre, encaixando sua ponta mais longa no orifício externo do colo, fazendo uma raspagem em movimento rotativo, para que toda superfície do colo seja raspada e representada na lâmina;
- Para coleta na endocérvice, utilizar a escova endocervical. Deve-se introduzir a escova e fazer um movimento giratório, percorrendo todo o contorno do orifício cervical;
- O esfregaço obtido deve ser imediatamente fixado para evitar o dessecamento do material.
Interpretação do resultado do exame preventivo
Na amostra coletada, podem estar presentes células representativas dos epitélios do colo do útero como as células escamosas, células glandulares (não inclui o epitélio endometrial), células metaplásicas.
A presença de células metaplásicas ou células endocervicais, representativas da junção escamocolunar (JEC), tem sido considerada como indicador da qualidade da coleta.
Em relação a interpretação do resultado do exame, temos as seguintes recomendações em casos de exames citopatológicos anormais de acordo com os Protocolos da Atenção Básica: Saúde da mulher (2016):
Prevenção do Câncer de Mama
No país, a estratégia preconizada para o rastreamento de câncer de mama é a mamografia a cada dois anos para mulheres entre 50 e 69 anos. Para as mulheres de 40 a 49 anos, a recomendação é o exame clínico anual e a mamografia em caso de resultado alterado. Há também a recomendação para o rastreamento de mulheres com risco elevado de câncer de mama, cuja rotina de exames deve se iniciar aos 35 anos, com exame clínico das mamas e mamografia anuais.
Os grupos populacionais com risco muito elevado para o desenvolvimento do câncer de mama são:
- mulheres com história familiar de, pelo menos, um parente de 1º grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de mama, abaixo dos 50 anos
- mulheres com história familiar de pelo menos um parente de 1º grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer idade
- mulheres com história familiar de câncer de mama masculino
- mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ.
Exame clínico das mamas
O exame inclui a inspeção estática, inspeção dinâmica, palpação da mama e da axila. Deve-se observar presença de manifestações sugestivas de câncer de mama: nódulo palpável, descarga papilar sanguinolenta ou em “água de rocha”, lesão eczematosa da pele, edema mamário com pele em aspecto de “casca de laranja”, retração na pele da mama, mudança no formato do mamilo.
Interpretação da Mamografia
De acordo com o documento de Controle dos cânceres de colo de útero e mama, temos como interpretação do exame da mamografia as seguintes categorias e condutas:
Referências:
Ministério da Saúde e Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa – Protocolos da Atenção Básica: Saúde da mulher (2016).
Caderno de Atenção Básica: Controles dos Cânceres de Colo de Útero e Mama (2013).
Enfermeira, Mestre em Educação e Docente de Enfermagem. Possui especialização em Gestão em Saúde e Controle de Infecção Hospitalar e experiência nos temas: CCIH, Gestão da Qualidade, Epidemiologia, Educação Permanente em Saúde e Segurança do Paciente.